1. |
Caído em Cheio
04:36
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Faz sol que se farta na rua.
Eu cá gosto de sol mas não gosto da rua.
E portanto fico em casa à espera que chegue com as suas torres digitais de marfim.
Caído em cheio na era do progresso tecnológico,
da política espectáculo,
o cidadão comum continua a interrogar-se quanto à circunstância histórica e moral
que lhe cabe viver.
Saio à rua com medo que toquem que me falem,
o desconhecido,
insiste em revelar-se espontâneo, curioso, indominável
a questão é que aqui não consigo mudar de canal
Insurgido agora no último momento social que nos resta,
o da noite, o dos copos,
detemo-nos antes de pedir a derradeira
como se estivéssemos à espera que algo aconteça.
Caído em cheio numa era em que ninguém me entende,
nem percebe o meu talento,
continuo a limpar a merda das vossas sanitas para sugar o ímpeto político das minhas críticas que nunca mais chegam
Saio à rua à procura de pedras para atirar aos bancos,
esquadras e seguradoras,
mas fico-me pela esplanada da pastelaria onde dissolvo entre galões e tostas mistas a minha raiva heróica
Insurgido agora na derradeira vingança
o que me resta, escrito na treta duma música
pralém da Igreja, dum emprego ou suicídio...
BAAAHHHH!!!... seja o que for...
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2. |
L´Homme Armé
03:57
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L´homme armé
A minha profissão satisfazia,
felizmente, esta vocação das alturas.
Ela livrava-me de toda a amargura
em relação ao próximo, que eu sempre
obsequiava, sem nunca lhe dever nada.
Colocava-me acima do juiz, que, por minha
vez eu julgava, acima do réu que eu forçava
ao reconhecimento
Já o vejo ao longe...
É o apóstolo branco
Que no seu papa-móvel
Vai deixar um rastro de sangue
É incrível mas não é exagero...
L'homme, l'homme, l'homme armé,
L'homme armé
L'homme armé doibt on doubter, doibt on doubter.
On a fait partout crier,
Que chascun se viengne armer
D'un haubregon de fer.
Pondere bem isto, meu caro senhor:
eu vivia impunemente.
Nenhum julgamento me dizia respeito,
não me encontrava no palco do tribunal,
mas em qualquer outra parte,
nos urdimentos, como esses deuses que,
de tempos a tempos,
são descidos por meio de um maquinismo
para transfigurar a acção e dar-lhe o seu sentido.
No fim de contas, viver por cima
é ainda a única maneira de ser visto
e saudado pela maioria.
Já o vejo ao longe...
É o apóstolo branco
Que no seu papa-móvel
Vai deixar um rastro de sangue
É incrível mas não é exagero...
L'homme, l'homme, l'homme armé,
L'homme armé
L'homme armé doibt on doubter, doibt on doubter.
On a fait partout crier,
Que chascun se viengne armer
D'un haubregon de fer.
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3. |
Rapazinho
04:12
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Eu conheço um rapazinho que vive
nas sombras da Amadora-Sintra...
Empoleirado no tombadilho, na mastreação
escorregadia desses prédios sociais
No reboliço com o teu gang gostas de fazer ver
que és tu quem tem a melhor pontaria
Eu sei que pingo amor pela garrafa, mas é só
uma pequena tragédia que eu faço
Consigo ver-te na cozinha a ouvir
os velhos CDR´s
dos Dead Kennedys, dos Hiatus,
dos D.P.E. e dos Disastro-Sapiens...
Por entre os cafés e os porros da manhã
e as pilhas de boletins de contra-informação
encimados pelos teus belos pés descalços...
Mas se é verdade que ele é um bicho,
nas emoções do mato os tontos
acabam por sobreviver...
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